Há três anos, em 11set2008, o site Pouca Vogal foi ao ar com quatro músicas inéditas. Naquela noite, aconteceu algo que, por um tempo guardei em segredo. Hoje me sinto à vontade para contar.
Cheguei em casa, vindo do estúdio com aquela ansiedade boa de mostrar o novo trabalho. Trazia num CD as canções que eu prontamente baixei para o computador a fim de mandar para o site.
Chovia muito. Quando eu ia clicar ENVIAR, um raio atingiu meu prédio. Tomei um susto, fiquei na escuridão. Caramba! O que aquilo significava? Seria sinal de que eu estava fazendo uma bobagem lançando um novo projeto depois de tanta estrada para chegar onde eu havia chegado?
Com uma vela, catei um modem 3G e consegui mandar as músicas mesmo no escuro. Quando a luz voltou, a parede estava chamuscada, preta, em volta dos pontos da internet. Tive que trocar toda a fiação.
A dúvida me perseguiu por algum tempo enquanto o projeto engatinhava e muita gente me dizia com palavras ou silêncios que eu havia regredido, tocando em lugares menores, no esquisito formato de power-duo, sem música nas rádios, etc...
Alguma coisa me fez seguir. Certamente não foi teimosia. Alguma energia boa me fez seguir. A mesma energia boa que me acompanhou nos Engenheiros do Hawaii e no Gessinger Trio. A mesma energia boa que espero encontrar depois da curva. Não por mérito meu. Por bondade de quem me acompanha há tanto tempo. A galerinha "de fé".
Era isso! Aquele raio era energia boa! As dores do parto não deveriam ser chamadas "dores". Vendo em retrospectiva, foi muito legal estar ali, na escuridão, ao som da chuva, numa ilha, mandando ao mar mais mensagens em garrafas.
Este é o audio da primeira gravação, caseira, do que acabou se tornando a música POUCA VOGAL. Ao gravar estes devaneios, costumo usar a data como nome do arquivo. No caso, 31jan2006. A letra pintou mais tarde. Só completei depois dos primeiros ensaios com Duca. O resto já é história. |